MURAL

Seguem abaixo as melhores frases ditas/ouvidas por mim ao longo dessa semana que se finda:

“Vendo tanto colorido nas fachadas das casas, qualquer um de bom senso conclui que tem gente achando que o Natal trata-se de uma espécie de carnaval fora de época.”

“Depois que eu descobri que com dez reais em maconha fico doidão, nunca mais gastei cem pra me embebedar com cerveja.”

“Uma banca incapaz de interpretar seu próprio escrito não tem banca pra corrigir minha redação.”

“Finalmente ser pobre me garantiu algum benefício.”

“Nada melhor do que levar uma surra fazendo sexo. Isso me deixa cheio de tesão...”

“O espelho reflete o rosto; a arte, a alma.”

“O rico fala difícil para parecer intelectual. O pobre fala difícil para parecer rico.”

“Essa loja é muito racista! As calças aqui são todas médias: não tem nem muito grande nem muito pequena.”

“Num país onde só a corrupção funciona bem o transporte público jamais poderia ser satisfatório.”

“O mau do urubu é achar que o boi está morto.”

METEOROLOGIA

Ai, que nervoso! O tão esperado Turbilhão de Emoções acaba de atingir as fronteiras do meu território. Seus efeitos já podem ser percebidos por qualquer observador da vida alheia, desses tantos que temos por aí. A tempestade avança em direção ao cerne do meu espaço físico, ousando uma aproximação em velocidade progressiva e acelerada ao Órgão Regulamentador das minhas políticas sociais, que nem sempre são tão politizadas. Por conseqüência dessa movimentação, em todos os meus cantos sente-se um misto de frio e de calor. Ora um, ora outro, ora um paradoxo, no qual ambos coexistem.
Vale ressaltar, contudo, que até o momento é impossível avaliar os danos provocados pelo Turbilhão. Não se sabe, inclusive, se ele surtirá, no fim, o caos absoluto de uma região totalmente devastada ou a paz triunfante decorrente da vitoriosa calmaria após um longo período de agitação.

CONFISSÃO

Não espere um bom texto claro e conciso, pois tudo que aqui se narra vem do coração. Portanto, não tenha vergonha, caso te pareça melhor, desista logo desta leitura que leva ninguém a lugar algum.
Odeio o tom melancólico, mas faz-se necessário, visto que se trata de uma confissão. Essa coisa amarga que expurgo agora, lançando-a boca-a-fora, arrepia-me até o cerne do meu sei lá o quê.
Meu sonho é ser trainee. Minha ilusão, ver meu pós-morte.
Ah... se tudo isso fosse concreto! Certamente, não mais haveria dúvidas, questionamentos, até mal do Barroco ousaria falar. Contudo, permanece a abstração. Eu, aqui, intensamente sozinho, completamente nu, desinformado, clamando por resposta ao futuro que se finge de mudo.
Nasci diferente assim como os outros que já sofreram pelo peso da consciência obscura (subjugada pela nossa amada sociedade). Cresci para me consertar, porém meu concerto insiste na desafinação. Mas Quem inventou a música deixou sua assinatura em letras visíveis ao olho despido dos homens limitados dessa terra fedida?
Mesmo sem resposta é preciso viver; matar um ou mais leões por dia. Pior de tudo em vida é quando ela esconde consigo tais animais ferozes os quais se constituem como seres intrínsecos ao desenvolvimento de tudo que é preciso para chegar aos mais altos patamares, onde a realização é verdade e pintada bem colorida.
Quero o palco, anseio pelo amor, necessito da correspondência. Almejo o dia em que a carta chegará, trazendo minha alforria, permitindo-me, pois, coabitar aos escravos da carnificina. Tenho meus vícios ocultos, revelados a cada instante, mas os cegos todos que me cercam são incapazes de perceber.
A paixão toma meu peito, a racionalidade perde espaço e entrego-me ao caos da mancha urbana indefinida que pranteia meu coração. Não sei de nada! E os outros sabem menos ainda. Sobretudo, é fato que não sou louco. Aliás, qual seu olhar sobre normalidade/anormalidade? Conte-me agora, pois fui traído pela traição. Exemplos, hoje, não me faltam; mas, quando mais precisamos, levam nossos objetos que secretamente pulsam o sangue na bomba vermelha de emoção.
As linhas autolimitam o pensamento. O espaço, o tempo e o estudo deles regem meu conhecimento que desconhece o principal: a mim mesmo! De que me adianta o “diretório” se não estou habilitado a dirigir meus passos?
Em suma, o “cabe, pois” não cabe aqui. Não tem solução.
E agora? Aguardo em silencio e mau-humorado, porque falar besteira é coisa de criança, do meu pretérito inocente refugiado nos atos impensados. Quietinho quem sabe, talvez, convenço-o a soltar o verbo que aprisiona meu corpo a todo esse imundo pedaço de chão azedo.

BANANAS

Havia Dona Joaquina. Era uma senhora distinta como todas as outras de sua idade. Seus cabelos brancos denotavam uma vida repleta de experiências e aprendizados. Contudo, enquanto ainda vivia, ninguém jamais previra que a senhora em questão tinha uma compulsão, a qual foi responsável pela sua ruína. Dona Joaquina era viciada em bananas; degustava várias por dia, todos os dias, sentindo um prazer indescritível em cada mordidela. E, por ser distinta, não fazia distinção de espécies. Para ela, não importava o tipo nem a maturação do fruto. Vale ressaltar que Dona Joaquina não dispensava sequer as bananas nanicas.
A história de vida de Dona Joaquina se encerra com sua morte. A coitada, que sempre rogava a Deus por fartura, não cultivara nenhuma bananeira farta em seu quintal. Dessa forma, com o passar do tempo já não possuía mais vigor para sair às feiras a procura de boas bananas. Entrou, então, numa grave crise de abstinência, sofreu muito, resolveu desabafar seu segredo num manuscrito a fim de que pudesse se sentir aliviada. Nada adiantou. Ela virou adubo de bananeira.
A estória de Dona Joaquina se inicia com sua morte. Reza a lenda, que a alma da nossa distinta senhora, tão logo soltou do corpo, emergiu aos altos céus acreditando que adentraria ao paraíso. Estava feliz, porquanto cria também que nessa outra vida haveria um bananal sem fim. Entretanto, Deus embargou sua entrada. Afinal, onde já se viu mulher viciada em banana habitando no céu junto a outras tantas santas?

Canção do Exílio

Conheci você na última semana
E não paro mais de pensar em ti
Nossos destinos se cruzaram estranhos
Trocamos olhares, mas nem percebi

Você persistiu em me conquistar
Tão logo que vi, me excitei
Seus lindos olhos da cor do mar
Eram tudo que sempre sonhei

Com vontade foi o nosso amor
Loucura cinética de braços e abraços
Seu direito torto me fez todo errado
Sem hesitar, avancei nos passos

E, agora, estou todo quebrado
Tropecei, caí feio por andar afobado
Aprendi, ao menos, a lição do tesão
Se ele não sai da cabeça, te deixa no chão

"Nem deu tempo pra pensar no título"

É primordial, de início, explicitar a todos claramente que, por estar no auge da minha juventude, gozo, nesse momento, de plena saúde física, espiritual e, principalmente, psíquica. Vale ressaltar também que sou ator e encaro a vida como um teatro. Portanto, não espere sempre a verdade de mim, visto que por diversas vezes, no palco, é preferível parecer a ser. Além disso, solicito aos leitores que não se apeguem aos possíveis erros gramaticais deste texto. Como disse, sou moço ainda e pouca coisa aprendi de fato no que tange, por exemplo, a pontuação e a concordância. Entretanto, isso não me desqualifica - em hipótese alguma! – como um bom autor, porquanto para nós que escrevemos o mais importante é a total compreensão pelo receptor da mensagem emitida. Dessa forma, caso encontre algum desvio à norma culta, não pense, por favor, que sou um neomodernista.
Dadas as primeiras advertências, posso,pois, enredar a prosa. Dizem que o certo é começar pelo começo. Até começaria pelo fim se soubesse o final dessa história. Como não sei, terei de deixar meu espírito-do-contra de lado e fazer um tradicional arroz-com-feijão, que muito agrada aos brasileiros mesmo sendo demasiadamente costumeiro.
Não disse meu nome e nem o farei. Isto porque a minha identidade é irrelevante para o entendimento desta composição. Em contrapartida, a minha profissão apresenta-se extremamente importante: sou um homem estudante. Mais especificamente, sou um vestibulando. E, é justamente nas especificidades que se desenrolam os conflitos. Ei-lo então: “Vô, não vô?!”
Tal questionamento vem norteando a minha cabeça e, por conseguinte, desorientando o meu caminhar. A incerteza do próximo instante coagula minhas artérias e impedem a livre circulação do gás que me mantém vivo. Assim sendo, a eficiência do bulbo sofre declínio e, só mesmo por intervenção divina, lembro que tenho de respirar. Seria perfeito se eu respirasse e pronto. Contudo, eu inspiro e expiro repetidamente e voluntariamente num ciclo vicioso que me aprisiona e não cessa. Continuo inspirando e expirando... que agonia! Ou mudamos de assunto, ou tudo agora será inspirar e expirar.
Falava da minha dúvida... continuo inspirando e expirando. Sem parar!
Sinto muito, caros leitores, não poderei continuar. Permaneço inspirando, expirando,inspirando... que agonia!

Ode ao futebol

ÓDIO

O UNIVERSO

Existe o conjunto Universo
Ele contém dois subconjuntos
O dos belos, de pessoas belas
O dos inteligentes, de belas pessoas

Os belos se divertem
Os inteligentes estudam
Os belos ostentam
Os inteligentes sustentam

Existem os belos inteligentes
Esses são os mais sortudos
Sustentam suas ostentações
Podem dominar o mundo

Existem os feios burros
Esses são os mais azarados
Sem diversão nem estudo
São muitos e revoltados

LITTLE MISS SUN SHINE

Sim, eu tive de ir ao casório de Kombi! Que situação...
Mas, pra dizer a verdade, ela era nova: moderninha, trava automática, banco confortável e um insuportável cheiro de colônia de laranja – dessas bem baratas que são vendidas em revistinhas de cosméticos.
Um falatório danado e a viagem era longa: Ouvi cada história....
Por ser Cosme e Damião, sobrou pra maria-mole, a qual foi explanada como o único doce que alguns dos homens ali presentes distribuíram naquele dia.
Vale ressaltar, entretanto, que o melhor do translado foi a guia turística sentada ao meu lado. Não obstante em conhecer todos os motéis do percurso, ela tinha o potencial de enxergar os grandes pontos do Rio em tudo quanto era canto. Dessa forma, fui obrigado a ver o Cristo, a Quinta, o Pão de Açúcar... isto porque o casamento era em Bangu.
Viva a Lei Seca!...

Conquista

Inteligência. Disposição. Paciência.
Dedicação. Perseverança. Solidão.
Confiança. Alegria. Benevolência.
Sabedoria. Honestidade. Companhia.
Centralidade. Esforço. Identidade.
Caroço. Agonia. Progresso.
Vitória. Recompensa. Glória.

Diálogo de dois

- Saiba que as minhas intenções foram as melhores.
- Então, pegue suas boas intenções e as enfie...
- Ih monstra! Eu não sabia que não podia falar com a monstra quando a monstra estava sob censura. Vai se tratar, doença!
- Monstra, doença... é a mãe!
- Só se for a sua, pois a minha é um pitel.
- Pitel?! Coisa antiga... Bem a sua cara.
- Combina com a sua inveja de anos que você sente de mim.
- HAHA.
- E nem responde mais. Consentiu.
- Nada! Achei foi graça...
- Da sua desgraça?! Pensei que você fosse uma pessoa um pouquinho menos burra.
- Desgraça por quê?
- Por que você perde tempo comigo enquanto eu cago pra você.
- Francamente, sequer olho na tua cara...
- Porque tem medo de ser humilhada.
- Por você?!
- Exatamente: por mim!
- HAHA.
- Por mim que sempre estivesse na sua frente com movimentos progressivos e acelerados. Entendeu?
- Não.
- Como eu esperava. Física não é o seu forte. Aliás, no que você não é fraca?!
- Em porrada!
E então, ela tentou socar-lhe. Mas como ele estava muito na sua frente, seus braços não o alcançaram.

A mãe dela abriu o livro!

Pode parecer novela, mas é real. Estou estupefato, porquanto acabei de descobrir que, de fato, existem mães loucas por aí as quais, mesmo sóbrias, não medem esforços para trazer à tona verdades secretas de seus filhos.
Repousava na rede quando vieram a mim contar a novidade. A mãe dela revelara tudo a sua sogra. Isso mesmo: pra sogra da filha! Até aqui já seria bastante chocante senão fosse o conteúdo da mensagem tão estarrecedor. E é por este que fiz questão de redigir.
Os inúmeros absurdos relatados um a um causaram-me uma ansiedade que há muito não sentia. Acreditar em tudo aquilo era ratificar a existência de uma inescrupulosidade intrínseca ao ser humano que certa vez disseram-me ser real, porém por falta de exemplos que servissem para validar a tese, na época, não acreditei. Mas hoje sei: é tudo verdade! Como uma mulher seria capaz de cometer tamanha traição? Que vida!
A filha e nora em questão vai ficar bastante chateada quando souber de tudo. Bem diferente de você...

Pré-festa.

Lúcia estava introspectiva pelo que tinha acabado de ver: o porta-jóias ainda entreaberto denotava o segundo roubo em menos de duas semanas. Sentada na sua cama, a contadora refletia profundamente acerca da atitude que ela deveria tomar a fim de solucionar esse problema quando, então, ouviu passos em sua direção. Era Simone, vizinha de anos, que entrara em sua casa para apressa-la:
- Acabei de encher as últimas bolas com a ajuda da Giovana e da Bia. A mesa já está posta; ou seja, tudo pronto! Vamos logo lá pra fora, Lúcia. Seria interessante que todos estivéssemos lá antes do casal chegar.
- Já vou. Só preciso de mais alguns minutos. Nem me perfumei e ainda tenho que terminar de ajeitar o cabelo.
- Uhm... Sempre tão chique, refinada. Essas suas colônias são maravilhosas. Posso usar um pouquinho? – perguntou e antes mesmo que a Lúcia pudesse responder, Simone borrifava o perfume em si e continuava falando – Seu namorado, o César, não vem?
- Certamente sim.
- Bem, Estou indo, amiga. E, por favor, seja breve!
Lúcia respondeu com um sorriso amarelo e Simone logo saiu. Definitivamente, ela não estava em clima de comemoração; contudo, soaria mal se ela não comparecesse à festa de recepção aos recém-casados Jorge e Tatiane.

(continua...)

HAHA!

Está decidido: não vou me prostituir!
Ainda que você queira me comprar com esse seu papo rebuscado de dicionário barato, eu sou inteligente, meu bem, e suas palavras não vão me intimidar.
Pode cair um dilúvio ou o sol me ressecar, mas o fato é que na porta do seu trabalho eu nunca vou bater pra você jamais ter a honra de me empregar.
E sabe porque eu encho meu peito e grito aos quatro ventos a minha decisão? Porque eu tenho talento. E, graças a ele, mesmo ainda vivendo a minha meninice, eu consigo por todo esse seu mundinho debaixo do meu chão.

Ser brega...

É vestir-se por puro modismo
É estar estático ao movimento do tempo
É achar que a grassa está na grande massa
É não ter uma visão de aceitação ampliada

Tenha estilo
De roupa, de idéia, de crítica, de vida

Meu tempo

Sou aquele que acabou de descobrir que o presente já se faz passado e abriga a iminência do futuro intrínseco ao próximo instante. Em suma, percebi agora, que o agora é referência pretérita. Portanto, sou o que vive no futuro, visto que isso sim é a minha realidade. Dessa forma, cabe, pois, a ti vir atrás de mim na trilha do trabalho, porquanto na minha frente quem anda é o sucesso.

o.0

Estou com teu cheiro entranhado em mim e ele me lanha, consumindo-me até as vísceras.
Mas o pior vem agora: Gosto -e muito- de tudo isso.

Malandragem

Adoro falar de mim! E isso é vaidade.
Confesso que ainda não sei exatamente QUEM SOU. Às vezes, me comporto como um GAROTINHO mimado. Já em outras, me saio como um verdadeiro senhor maduro, repleto de experiências. O fato é que gosto muito de mim e das minhas oscilações; isso me faz vivo.
Tenho uma virtude admirável: sou paciente! Por isso, não me canso de ESPERAR (ainda que eu esteja SOZINHO). Aliás, no que tange ao cansaço, o que me desgasta de verdade é acordar. Sim, porque, na hora de dormir, eu faço minhas ORAÇÕES, penso na vida... tudo bem BAIXINHO, entre mim e Deus apenas. Contudo, quando acordo, sou como um MENINO MAU, arranco minhas MEIAS e resmungo PELOS CANTOS qualquer coisa sem sentido.
Mudando completamente de assunto, estou pensando agora em Veríssimo. Ele me disse (veja só!) que a minha PRINCESA não deveria ser a pessoa certa, como sempre imaginara, mas sim a errada. Segundo ele, ela deve ser uma CHATA, que VIVA DANDO NO MEU SACO (sem maldades, por favor!), pois dessa forma, ela marcaria mais a minha VIDA, tornando-a NÃO um SONHO, um conto de fadas, e sim: realidade. PEÇO A DEUS que ele é que esteja errado. Mas Veríssimo é MALANDRO e comparando-me a ele, sou nada mais que uma CRIANÇA que DESCONHECE A VERDADE. Pareço mesmo é UM POETA que ainda NÃO APRENDEU A AMAR.
Em suma, deixei de BOBEIRA há tempos e, hoje, VIVO A REALIDADE nas suas variadas formas de apresentação. Afinal, eu só tenho uma vida INTEIRA e desconheço onde ela vai dar. Portanto, ANDO PELAS RUAS, torro meus CHEQUES, MUDO tudo de LUGAR... Vale ressaltar que não DIRIJO nem bebo, pois essas coisas são perigosas demais. Quanto ao resto, tudo o que faço é CANTAR.

Minha pequinês!

Seria muito fácil se na vida vivêssemos uma problemática por vez. Ocorre que nossos conflitos emergem todos juntos, como uma sinfonia de bocejos.
Cá estou eu escrevendo sem parar a fim de desabafar, de aliviar do meu peito o peso dos fardos que carrego solitário por não ter com quem dividir em virtude da minha exacerbada ceticidade (se é que isso existe). E isso incomoda até o meu íntimo, visto que por muitas vezes estive à iminência de vencer, mas fraquejei por não crer.
E, se, erroneamente, rotulam-me frio, é porque tenho um grande coração de carne que pulsa por vida em meio a espinhos de dor. Assim, essa hemorragia interna torna escasso o sangue do meu semblante, proporcionando-me uma palidez repugnante que toma minha paciência.
Com os gerúndios do dia-a-dia, vou aprendendo que cada vez sei menos e eles arrastam-me ao fundo querendo consumir os pedaços que ainda restam de mim. A monotonia, o constante retrocesso ao erro acaba comigo (e ninguém sabe). Sou ator (e ninguém sabe)!
As dúvidas, as incertezas não me permitem prosseguir. Sem um posicionamento, uma tese a ser dissertada não há o que defender. Portanto, fico na inércia à espera do anjo que trará minhas bênçãos. Mas, sinceramente, não sei se ele virá.
Cá estou eu escrevendo sozinho porque a vida é uma só e de um só, coisa pouca demais até mesmo para o menor dos gigantes. Sem resposta, solução, entrego os pontos assumindo minha inferioridade à vida.

“O que passou, calou; O que virá, dirá”

Não podemos viver presos atrelados a um passado de mentiras, no qual somente nossos sentimentos eram verdade. Intrigas alheias já nos afetaram o bastante, agora o tempo nos ordena que passemos por cima de tudo isso sem medo de acertar. A hora de consertar os erros da meninice bate à porta e não podemos ignorá-la, pois isto seria outro equívoco, talvez irreparável. Portanto, corra e abra a entrada! Deixe entrar o que será bom e agradável ao teu coração. Mergulhe no mar das emoções e descubra o quanto pode ser bom regressar ao primeiro amor, já que, dessa vez, não há quem nos impeça de viver uma paixão. Estamos livres e cabe ao tempo determinar o que virá e dirá. Você só tem que abrir a porta e correr o risco da felicidade fazer morada.

“Raining fishes”

Na manhã de quarta-feira do dia 28 de julho de 1928, a cidade litorânea de Bournemouth localizada no condado de Dorset na Inglaterra foi palco de um intrigante evento jamais antes relatado na história da humanidade. Depois do atípico período de seca de 7 meses e meio ao qual a pacata cidade inglesa, posicionada geograficamente a cerca de 170 km a sudoeste de Londres, foi submetida, seus habitantes presenciaram, por durante alguns minutos, uma chuva de pequenos peixes da espécie Clyrandiox hippos.
Na época, manchetes deste inacreditável fenômeno circularam por toda a Grã-Bretanha durante semanas. Contudo, como o caso assustou a maior parte da população inglesa e atraiu para Bournemouth um elevado número de místicos de várias regiões da Europa, o tradicional e anglicano parlamento inglês optou por abafar o caso e proibiu que novas publicações a cerca do fato fossem relatadas, alegando que a história havia sido inventada por camponeses comerciantes locais com o intuito de atrair turistas para a cidade que estava em crise. Dessa forma, a história perdera por completo a pouca credibilidade que já tinha no meio científico e caíra no esquecimento.
Entretanto, o “Raining fishes” –nome pelo qual o episódio ficou conhecido- recebe, novamente, destaque à iminência do seu aniversário de 80 anos em virtude dos recentes estudos da universidade de Oxford. Segundo o geógrafo e Phd em ciências meteorológicas Jocker Mahiend, a chuva de peixes ocorreu sim e sua universidade reuniu as provas científicas do fenômeno. Ele alega que no final de 1927, início e meados de 1928, Bournemouth sofreu os efeitos de um raríssimo fenômeno atmosférico denominado “Rolher”, que atinge toda costa sul da ilha da Grã-Bretanha provocando uma grave seca que leva ao desaparecimento de muitos rios (inclusive perenes) da região. Com a estiagem, ovas do brequim (nome popular do Clyrandiox hippos) desidrataram e evaporaram. Em seguida, essas ovas desidratadas acumularam-se nas nuvens e nelas, o contato com a água possibilitou a hidratação dessas, que puderam se desenvolver, gerando larvas do peixe. Posteriormente, estas foram precipitadas junto à água com a chegada do verão temperado, que apresenta alto índice pluviométrico como uma de suas características, em forma de chuva.
Bournemouth, que apresenta o turismo balneário com grande destaque em sua economia, está empolgada com os estudos de Oxford. A cidade passou a receber, em média, 50% a mais de turistas, comparando-se ao mesmo período em 2007 , desde o início das divulgações das pesquisas de Mahiend. Os hotéis encontram-se todos lotados e a solução para as centenas de turistas que insistem na região são os campings.

sem título

Estou podre.
Essa diarréia do mundo me corrompeu e minha imundície agora fede absurdamente mal. Tenho vergonha de tudo isso!
O arrependimento de ter comido coisas ruins é inevitável. Quero regredir na descarga do tempo, mas ela não volta. E, enquanto isso, uma bolha nojenta infla em mim e absorve o que ainda resta de puro.
Tomara que Deus seja mesmo misericordioso e tenha compaixão de mim. Tomara que eu me renda a essa misericórdia.

A vaca Vitória

Era uma vez uma vaca chamada Vitória. Não... Esta não é aquela famosa que quando elimina metano pela sua cavidade anal encerra com a história. Muito pelo contrário. A nossa vaca Vitória pertencia a uma humilde família do interior do Sertão (isto não é uma redundância, ocorre que eles moravam bem longe mesmo). Era ela a responsável por sustentar a casa: fornecia o tão conhecido leite de todos os dias. A vaca amamentava, adubava e seus excedentes eram trocados ou vendidos em outros vilarejos.
Tudo que ela fazia era por amor à família e tudo que esta fazia era explorá-la. Assim, todos seguiam felizes (ao menos era o que aparentava).
Um dia, a Vitória avistou o Bandido. E, mesmo de longe, este touro forte e malvado, que botava medo em qualquer gente, conseguiu roubar seu coração. Vitória estava encantada, aquilo que sentia, certamente, era paixão. O Bandido não era de esperar por muito tempo, mas ela não podia deixar sua família passar por tormento; ficou nessa e não terminava com a indecisão: “fugir ou não?”.
E a vaca foi pro brejo. Vitória não resistiu, afinal era vaca.
E a família foi pro brejo. Ficaram desesperados. Ou arranjavam outra vaca, ou morreriam no interior daquele sertão. Mas, eles sabiam que nenhuma vaca seria como Vitória. Portanto, parecia iminente a tragédia que lhes esperava.
No brejo da vaca, tudo ia muito bem. O Bandido sempre por cima e a Vitória sempre embaixo. E isso é derrota? Que nada! A vaca bem que gostava. Passado um tempo ela até emprenhou. No começo, o touro gostou, pois as tetas da vaca ficaram mais gordas. No meio, a vaca estava gorda por causa da gestação. No fim, o Bandido abandonou-a, alegando falta de atenção.
Os bezerros nasceram. Vitória estava muito feliz, mas não tinha com quem compartilhar. Sentiu muita saudade de sua família e, lembrando do ditado ‘O bom filho a casa torna’, ignorou que era vaca e resolveu voltar com os filhotes para seu antigo lar. Não sabia se a receberiam, nem se eles vivos ainda estariam para dela cuidar. Voltou.
Chegando onde morava, levou um susto. A fazenda agora era cercada, tinha árvores floridas e as crianças brincavam num jardim. Vitória, toda envergonhada, catou seus bezerrinhos e mugiu. Os pequenos a viram e os maiores, bem-vestidos, logo se aproximaram. A tudo a vaca via com estranheza, sem nada entender. Daí, o patrão falou:
- Vá imbora, vaca! Ocê só dá azar. Cundo ocê fugiu, fomo forçado a trabaiar e a nossa labuta nos enricô. Agora, ô sua vaca safada, vai cum te toro cuida da tua cria, q o dinheio aqui é meu e di minha famiia. A gente ti qué cá não. Chispa logo, sua vadia.
E ela foi-se pro brejo da desolação. A vaca Vitória soltava gases, soltava gases e nada de acabar a história. Foi ganhando vida na vida; afinal, era vaca. E assim foi vivendo, sem belo final de história.

PENSE NISSO

Pensar é bom. Pensar é necessário. Esta capacidade nos faz soberano em meio aos demais seres viventes. Ela é responsável pelo poder dominador do homem sobre toda natureza. Pessoas que não usufruem da dádiva do pensamento são como chimpanzés, que não descem da copa de suas árvores e, por isso, não evoluem, mantém-se estagnadas na escala evolutiva e mesmo com tão grande força são manipulados pelos que pensam.
Pensar demais é ruim. Pensar demais é desnecessário. Qualquer coisa em excesso corrompe, complica o que foi feito para descomplicar. Pessoas que pensam demais são problemáticas e têm náuseas, são como perus, que rodam, rodam, rodam e não saem do lugar. Elas enxergam porém em tudo e sempre terão medo de avançar.
Portanto, ouça este conselho: Pense, mas nem tanto; seja humano e deixe o coração, também, falar.

PASSA-TEMPO

Quem acredita em ditado, cuidado!
É melhor passar, pois o tempo passa. Com o tempo, tudo passa... E aí mora o perigo: se você passa com o tempo, fica passado. Daí, nem adianta dormir, porque, nesse caso, a dor é nada.

Quem tiver de entender, tomara que entenda!

“Um dia o passado se fará presente...
Espero que seja logo!”

Reiteração. Segundo o dicionário, ato de repetir; de renovar. Prefiro a segunda definição.
É estranha a sensação de perceber que coisas distantes, aparentemente esquecidas, às vezes, do nada, voltam à tona em nossas vidas. O que parecia já estar resolvido e, na verdade, terminara com reticências, certamente, um dia ressurgirá exigindo uma continuação (implícita na vigência do sinal de pontuação em questão).
Brincando de fazer metáforas (mesmo tendo consciência de que não é essa a melhor forma de diversão), descobri que reiterar laços já bastante envelhecidos pode ser muito bom.
Então, resolvi arriscar. E por que não? Afinal, a vida é uma só e foi feita para correr riscos. Não viemos simplesmente à passeio, viemos para viver! E viver é o mesmo que se emocionar, se apaixonar, ter prazer em tudo aquilo que se faz...
'Cada minuto que se passa é um instante que não se repete', portanto é preciso mais que qualquer outra coisa estar no hoje, no agora, no presente... resgatando sempre o que ficou pendente e direcionando nossos passos para um futuro melhor.
Certeza de como será nossa vida de amanhã em diante, nunca teremos. Entretanto, as coisas boas só acontecem quando nos mexemos; quando damos um passo e dizemos sim ao que poderá mais tarde ser classificado como excelente.
A vida é assim: tem começo, meio e fim. Não diga não para ela... Diga SIM à vida; deixe-a fluir renovada e, então, viva!

LERÊ!

"lERÊ FOI UMA DAS MINHAS PRIMEIRAS COMPOSIÇÕES MADURAS E, ISSO PODE-SE PERCEBER PELA PROFUNDIDADE QUE A LETRA DESSA MÚSICA EXPRIME. EMOCIONE-SE LENDO ESTE POEMA. BOA VIAJEM!"

EU SÓ QUERIA PODER SORRIR
PULAR CORDA, ME DIVERTIR
ANDAR DE BICICLETA CORRER
ATÉ O MAR PRA VER VOCÊ

Ô, MEU AMOR ME DÊ VALOR
POIS NESSA VIDA SÓ TENHO LABOR
NÃO POSSO NADA PRA TI FAZER
PORQUE O MAR É LONGE DE MORRER
O MEU MELHOR EU QUERO TE DAR
VOU TRABALHAR, VOU TRABALHAR

ESPERE POR MIM, ENTÃO.
'TÉ O DIA QUE EU CHEGUE, ENTÃO
MERGULHAREMOS NO MAR, ENTÃO
UNIDOS, ENTÃO
FELIZES, ENTÃO
FILHOS, VIRÃO
ENTÃO, PODEREMOS SORRIR
PULAR CORDA SE DIVERTIR
ANDAR DE BICICLETA CORRER
ATÉ O MAR...

LERERERERERERERERE...

SAMBA DE RAIZ

SE LÁ,
Ô DEUS-DARÁ
SE NÃO POSSO PASSAR
COMO VOU TE CHEGAR
ORARÁ
PARA DEUS PERDOAR
OS PECADOS DE UM HOMEM
ESSENCIALMETE SOFREDOR

NA VIDA
SEVERINA GUIADA PELO PADROEIRO
O SANTO-DOS-SANTOS, REI
NO MUNDO INTEIRO
ELE HÁ DE TE AJUDAR

Ó MEU BEM FIQUE BEM
POR NÓS HÁ QUEM OLHE
AQUELE QUE TORCE
TOMARA QUE CHORE

E AS LÁGRIMAS
QUE DO ROSTO CAÍREM
VIRÁ PRA REGAR
E EM MEIO A ESPINHOS
A PLANTA CRESCERÁ
SEM GEMIDOS DE DOR
CONFORTANDO COM AMOR
O POBRE CORAÇÃO
DO HOMEM SOFREDOR

OLÊ, OLÁ

A culpa não é minha!

Charles Darwin justificou a escravidão com a teoria da Seleção Natural. Não venham me culpar por isso.

2%

Éramos 2%.
Os 2% que, a princípio, foram ignorados; logo após, desdenhados. Duvidaram de nossa capacidade de apenas 2%. Éramos mal interpretados.
Aquilo tudo precisava mudar. Este rótulo precipitado e equivocado enfurecera nossos corações e nos irritava. A iminência de uma prova nos instigou. Seria a hora de fazer a revolução; de reverter o quadro minoritário para uma minoria ascendente – o que éramos de fato.
Pasmem: Até mentiram para nos aclamar! Verdade seja dita, subestimamos o primeiro teste e quase fracassamos. Entretanto, ainda assim, reconheceram nossa enorme capacidade e houve anseio em nos glorificar. Já não éramos os 2%.
Queríamos mais! Estávamos dispostos a pertencer à elite da percentagem; compor os tão almejados outros 2%. Agora sim, batalhamos. E a luta foi até o fim. No começo, questionaram nossas intenções e onde chegaríamos no final. A vitória foi nossa resposta. E, era o gabarito.
Insistimos, persistimos, nadamos contra marés. Pasmem: Até mentiram! Mas, desta vez, não foi afim de nos auxiliar. Aos poucos, conquistamos um-a-um e o grande dia chegou. Depois de tantas lamúrias, rugidos e intempéries estávamos verdadeiramente aptos à levar o troféu. Então, nos emocionamos. Como nunca antes nessa jornada.
Enfim, nos consagraram. Nesse momento nos tornamos 2%. Todos os possíveis. E, assim, seguimos triunfantes, sem o estandarte, porém com o galardão do triunfo. E este, só aqueles que fazem parte dos 2% têm.

Cotas para brasileiros

Vivemos num país cuja constituição vigente apresenta a igualdade, em todas as suas vertentes, como uma de suas características. Entretanto, o protecionismo exercido pelo Estado a determinados grupos que constituem nossa população vem ferindo sua própria norma fundamental.
Quanto tomei ciência do novo projeto de lei que pretende garantir metade das vagas das universidades federais aos alunos de escolas públicas do Brasil e à, segundo o governo, minorias étnicas, não pude me conter. Este ato preconceituoso, discrimina as pessoas, dividindo-as em categorias e colabora para a segregação racial e entre classes no nosso país.
O fato é que o regime de cotas não resolve o real problema educacional brasileiro. Ele não visa as mudanças necessárias no nosso precário sistema de ensino de base. Por outro lado, quando analisada com cautela, podemos perceber que esta medida assistencialista prejudica a todos: aos cotistas, pois desestimula o esforço destes alunos ao longo da vida escolar em virtude da facilidade do acesso às universidades; aos não-cotistas, já que o protecionismo aumenta -de modo desleal- as dificuldades no processo de entrada numa faculdade pública; ao Brasil, que começa a vivenciar o esfacelamento de seus melhores centros acadêmicos com o ingresso de estudantes que ainda não estariam aptos a faze-lo.
Em meio a esta discussão, gostaria de solicitar a quem de direito que, como medida emergencial, cogitasse a possibilidade da criação de novas cotas, sendo estas agora para brasileiros. Sim, para aqueles que não são descendentes desses ou daqueles grupos étnicos, que não estudaram nessas ou naquelas escolas, mas que simplesmente apresentam-se como brasileiros (e nada mais) e, por isso não estão inclusos nesse sistema. Dessa forma, acredito que ao menos a integridade nacional, atingida por essa política, estaria restabelecida e mesmo com tantos problemas que perduram, poderíamos continuar, num só espírito nacionalista, sonhando com um Brasil melhor.

(sem título...)

Certa vez parei pra escrever uma carta de amor: datada de um dia importante; vocativo meloso; tradicionais versos românticos... Não gostei! Sintético demais; estereótipo óbvio; sem sentimento. Resolvi, então, discorrer o amor; escrever por extenso. Neste instante sim, parei.
Questões de múltipla escolha trazem consigo a resposta (o gabarito). Está tudo ali, basta optar pela correta – o que não, necessariamente, é tarefa fácil, contudo desprendem de menor emoção. Já provas discursivas vêm em branco, exigem a resposta (o gabarito) sem te oferecer opções para escolha. Estas requerem conhecimento prévio e conciso, são amargamente mais difíceis.
Alguém conhece o amor a ponto de ser apto a discorre-lo? Disseram tantas coisas, mas nenhuma parece firmar com o gabarito oficial (vivido pelos que amam).
Precisava acertar. Decidi fazer uma carta formal, dessas que enviam ao jornal. Fui por meio desta buscar no âmago do meu conhecimento a melhor forma, as melhores palavras, até mesmos os melhores sinais pontuadores para compor a minha redação. E nada. Ao menos, pude concluir que o amor não é gramática e, é claro, está longe de ser exato. Pensei em desistir.
Não sou de fraquejar. Persisti e cheguei a declarar o amor é bobagem, futilidade. Esmoreci. Ainda bem que não me ouviram. Os amantes ficariam furiosos e os poetas sentiriam-se inúteis. Os mal-amados concordariam comigo.
Enfim, entreguei à vida meu papel em branco.
Sinto-me envergonhado. Não por ter falado de amor, mas porque não o respondi na hora que ele me perguntou.

Sobre mim...

Se é para FALAR, que seja dita a verdade!
Não me chamo Gregório nem faço parte da família de Matos, ainda assim, aprecio rebuscar as coisas e, SEGUNDO alguns, complicá-las também.
Na verdade, sou verde, azul e vermelho em suas primitivas formas de existência. Assim, cabe ao daltonismo alheio, intrínseco aos homens (a todos eles!), a GARANTIA da minha variabilidade facial. Por isso, sempre digo: 'Sou o que seus olhos quiserem ver!'
Como se não bastasse TUDO isso, apresento-me como ator. Não desses de carteirinha, que fazem novela, cinema e/ou teatro (mesmo já tendo realizado alguns trabalhos e com muito louvor, ainda não me PROFISSIONALIZEI), mas sim, ator na sua essência de artista, onde se encontra um antagonismo racionalizado, ora bem, ora mal resolvido.
JUSTIFICO-me, também, como escritor, poeta ou poeteiro quando expresso no papel, na alma ou no corpo meu sentimento mais que verdadeiro: minha paixão; que, a cima de QUASE tudo, refere-se a mim mesmo.
Não pense você que sou LUNÁTICO! Não foi o que eu disse. Não vivo num mundo paralelo, distante, ou qualquer outro. Vivo na Terra e quem sabe seja esse o meu maior defeito. Constituo-me COMO o mais racional dos seres; admito! (mas que isso não seja visto como ausência de sentimento; meu coração é de carne e não de pedra).
Que eu posso fazer se nasci demasiadamente pensante na realidade? PENSAR?! O pior é que pensar cansa, dá náuseas e não resolve nada em muitos casos. Entretanto, pensar DISTRAI e a mim é bem-vindo qualquer tipo de distração.
Tornando mais palpável minha descrição, toco agora no que diz respeito a minha história ('uma bela história diga-se de passagem').
Nascido e criado em Bento Ribeiro, vim ao mundo com a missão de conquistar o PLANETA. 'Sutil? Nem tanto'. Às vezes, questiono-me acerca do que já angariei. No primeiro instante, fico frustrado. Num segundo momento, PERCEBO estar prosseguindo ao alvo. O problema é que ele parece localizar-se tão distante... O fato é que muito do que almejava, alcancei: mesmo novo, já provei minha capacidade (até mesmo aos mais CÉTICOS), realizei sonhos (descobrindo em alguns, que nem todos são encantados), amei e fui amado (não necessariamente ao mesmo tempo). Mas a vida é assim: tem começo, meio, e fim. Ainda encontro-me no início; eu acho. ESPERO.
Tenho um exemplo a ser seguido: a Elsa! Minha mãe. É bem verdade que discordamos em alguns aspectos; em muitos. Engraçado, vejo nela meus defeitos e qualidades. Tomara que eu saiba aproveitar esta previsão para repetir os seus ACERTOS e acertar os seus erros. Sei que Deus é comigo e por isso, devo chegar aos lugares altos; Ele me faz como águia!
Não posso deixar de citar o que acho daqueles em que me COMPRAZO. Que se alegram com minha alegria e choram com meu choro: meus AMIGOS; os de verdade, por favor. São poucos, porém suficientes. Valem muito! Sendo, inclusive, bem mais chegados que um irmão. Cada qual na sua árdua tarefa de conviver comigo, tornaram-se RESPONSÁVEIS, mesmo sem perceber, em construir um grande homem: indicando-me os defeitos, relevando-me as qualidades, fazendo-me humilde em reparar que sou dependente deles no processo da busca à felicidade.
Em SUMA, sou ser humano! Com defeitos, qualidades, defeitos que às vezes funcionam como qualidades e vice-versa. Apresento-me complexo demais para ser pautado e singelo o suficiente para ser DESCRITO. Entretanto, que fique bem claro: já disse, sou humano e em ciências humanas não há fórmulas. Portanto, caso queira testar minhas raízes, desvende-me!

OS BALÕES

É inadmissível que, ainda hoje, soltem balões. Esta brincadeira de mau gosto pode acarretar em incêndios de grande proporção se o balão cair numa floresta,numa praça, ou pior: na sua casa.
A prática criminosa em questão ganha espaço em meio a ineficiência do Estado no cumprimento da lei que a proíbe. Com a impunidade, todos os dias, verdadeiros irresponsáveis sentem-se habilitados a colocar em risco a vida de milhares de pessoas afim de saciar um prazer banal. Estes delinqüentes justificam tal atitude baseados no caráter tradicional e hereditário da ação, o que é um absurdo, visto que os erros do passado devem ser retificados, não repetidos.
Talvez, se a Física fosse mais didática, não vivenciaríamos este fato. Digo isto, pois o problema consiste na precária visão de mundo intrínseca a grande parte da humanidade, que não consegue perceber que para toda ação há uma reação. Dessa forma, a população sofre freqüentemente as consequências dos balões emergidos sem notar a inescrupulosidade do seu ato.
Escrevo, então, com o intuito de atentar a todos à ilegalidade da brincadeira mencionada e de questionar a importância existente na verdadeira necessidade deste ato criminoso. Pense nisso e evite que um balão destrua sua casa.

TENTE ENTENDER

Meus colegas riram de mim e de dois amigos meus quando souberam que estávamos empenhados em engrenar no ramo dos negócios com algo pouco convencional. Até mesmo um desses meus dois amigos estava em dúvida quanto a credibilidade que nosso produto alcançaria no mercado, contudo ele não hesitou em participar do empreendimento.
Decidimos, então, que levaríamos nossa inovação à feira. Na verdade fomos forçados a isso por essa sociedade capitalista e visionária, a qual felizmente estamos inseridos. Criamos um plano estratégico para ajudar na divulgação do nosso produto e, por conseguinte, facilitar nossa entrada no competitivo mundo dos negócios. Estava tudo pronto para a venda.
Confesso, senti medo. Temia que zombassem de nós. Depois do intenso trabalho que tivemos, a rejeição me deixaria em estado depressivo. Compartilhei meu sentimento com esses meus amigos e eles foram categóricos ao afirmar que nós sairíamos bem sucedidos daquele lugar. Contudo, num ato de esperteza, eles puseram-me para prenunciar o produto aos possíveis compradores. Dessa forma, ficou sob minha responsabilidade o primeiro contato com nossos clientes.
Em geral, cresço quando estou diante do abismo. Acho que é dom (sou, inclusive, muito grato a Deus por isso). E assim foi. Chegou a hora. Barraca armada e estávamos lá fixados. Eu, nesse momento, disposto a tudo. E vieram os clientes. Dei início ao discurso. A princípio, houve comoção grupal: gargalharam. As pessoas pareciam não acreditar no que ouviam. Estavam perplexas. Ao menos, demonstravam interesse.
Finalmente, apresentei-lhes o morcego morto.
Guardado numa pequena caixinha de madeira grifada com um símbolo de inspirações naturais, descansava em paz aquele que seria o animal de estimação do futuro, ou o que nós desejássemos que fosse. As pessoas pareciam não acreditar no que viam. Estavam perplexas. Ao menos, demonstravam interesse.
Surgiram as primeiras dúvidas. Muitos, graças a alienação vigente no sistema global, não conseguiam enxergar as grandes vantagens em se ter um morcego morto. Tive que explicar que um morcego morto não ocuparia tanto espaço como um elefante branco nem faria tanta bagunça como um diabo da Tasmânia. Meus amigos ainda intervieram com outros argumentos que foram decisivos para a compreensão geral. Um disse que o morcego morto dispensava gastos com alimentação e adestramento. O outro ressaltou que o morcego morto dispensava gastos com higiene e veterinário. O povo estava eufórico. Eles percebiam estar diante de um animal fabuloso, que proporcionaria emoções indescritíveis sem que fosse necessário o comprometimento de toda uma vida.
Terminei dizendo que todos os atributos já mencionados não eram tão importantes quanto o último. E, nesse instante, criou-se mais expectativa. Revelei o grande segredo: o morcego morto jamais sugaria o sangue de alguém. E, nesse instante, criou-se uma frustração. Percebi que falei demais. Naquele instante o morcego morto tornou-se bom demais para ser adquirido, pois ele já estava morto e não mais mataria.

22/06/08

"Ainda que digam não, existe uma voz que me encoraja a prosseguir
Ainda que digam sim, só o dono da voz poderá decretar o fim!"



Passada uma madrugada agoniante de formigas, poeiras e cãibras, surge a alvorada cinzenta prenunciando o que, na hora, não teria como ouvir. Os olhos vermelhos de uma noite mal dormida escondiam a energia de uma alma em vapor. Um banho bem quente pra não despertar mau humor e um copo gelado de achocolatado pra aliviar a secura da garaganta engasagada que queria gritar.
E a benção foi dada. Pelo pai e pela mãe, fora dada.
Caminhadas largas; ruas vazias; carros, não passavam... De repente o movediço. E levou-me .
Parti. Cheio de mim!
Como todas as vezes em que posto à prova, meu peito raso estufou com a auto-confiança, que em mim faz morada. Os tolos a nomeiam soberba. Os fortes reconhecem a ameaça. E eu cumpri meu destino sob o olhar dAquele que tudo vê.
Na batalha queria gritar. Implodi! Não de temor, mas para ressalvar a imponente bravura de um guerreiro que previra o final da luta antes dela chegar ao fim. E a batalha terminou. Vitória!
Logo veio a premiação. Vesti meu traje de gala e adentrei os portões da sala do triunfo.
O sonho é real! Eu cri e hoje posso ver. O novo está mesmo por vir. Estou me preparando para receber.


Em breve, muito em breve, estarei postando aqui minhas observações acerca do mundo e seus paradigmas. Conto então, com o seu retorno para apreciar minhas composições.



MUito obrigado.