OS BALÕES

É inadmissível que, ainda hoje, soltem balões. Esta brincadeira de mau gosto pode acarretar em incêndios de grande proporção se o balão cair numa floresta,numa praça, ou pior: na sua casa.
A prática criminosa em questão ganha espaço em meio a ineficiência do Estado no cumprimento da lei que a proíbe. Com a impunidade, todos os dias, verdadeiros irresponsáveis sentem-se habilitados a colocar em risco a vida de milhares de pessoas afim de saciar um prazer banal. Estes delinqüentes justificam tal atitude baseados no caráter tradicional e hereditário da ação, o que é um absurdo, visto que os erros do passado devem ser retificados, não repetidos.
Talvez, se a Física fosse mais didática, não vivenciaríamos este fato. Digo isto, pois o problema consiste na precária visão de mundo intrínseca a grande parte da humanidade, que não consegue perceber que para toda ação há uma reação. Dessa forma, a população sofre freqüentemente as consequências dos balões emergidos sem notar a inescrupulosidade do seu ato.
Escrevo, então, com o intuito de atentar a todos à ilegalidade da brincadeira mencionada e de questionar a importância existente na verdadeira necessidade deste ato criminoso. Pense nisso e evite que um balão destrua sua casa.

TENTE ENTENDER

Meus colegas riram de mim e de dois amigos meus quando souberam que estávamos empenhados em engrenar no ramo dos negócios com algo pouco convencional. Até mesmo um desses meus dois amigos estava em dúvida quanto a credibilidade que nosso produto alcançaria no mercado, contudo ele não hesitou em participar do empreendimento.
Decidimos, então, que levaríamos nossa inovação à feira. Na verdade fomos forçados a isso por essa sociedade capitalista e visionária, a qual felizmente estamos inseridos. Criamos um plano estratégico para ajudar na divulgação do nosso produto e, por conseguinte, facilitar nossa entrada no competitivo mundo dos negócios. Estava tudo pronto para a venda.
Confesso, senti medo. Temia que zombassem de nós. Depois do intenso trabalho que tivemos, a rejeição me deixaria em estado depressivo. Compartilhei meu sentimento com esses meus amigos e eles foram categóricos ao afirmar que nós sairíamos bem sucedidos daquele lugar. Contudo, num ato de esperteza, eles puseram-me para prenunciar o produto aos possíveis compradores. Dessa forma, ficou sob minha responsabilidade o primeiro contato com nossos clientes.
Em geral, cresço quando estou diante do abismo. Acho que é dom (sou, inclusive, muito grato a Deus por isso). E assim foi. Chegou a hora. Barraca armada e estávamos lá fixados. Eu, nesse momento, disposto a tudo. E vieram os clientes. Dei início ao discurso. A princípio, houve comoção grupal: gargalharam. As pessoas pareciam não acreditar no que ouviam. Estavam perplexas. Ao menos, demonstravam interesse.
Finalmente, apresentei-lhes o morcego morto.
Guardado numa pequena caixinha de madeira grifada com um símbolo de inspirações naturais, descansava em paz aquele que seria o animal de estimação do futuro, ou o que nós desejássemos que fosse. As pessoas pareciam não acreditar no que viam. Estavam perplexas. Ao menos, demonstravam interesse.
Surgiram as primeiras dúvidas. Muitos, graças a alienação vigente no sistema global, não conseguiam enxergar as grandes vantagens em se ter um morcego morto. Tive que explicar que um morcego morto não ocuparia tanto espaço como um elefante branco nem faria tanta bagunça como um diabo da Tasmânia. Meus amigos ainda intervieram com outros argumentos que foram decisivos para a compreensão geral. Um disse que o morcego morto dispensava gastos com alimentação e adestramento. O outro ressaltou que o morcego morto dispensava gastos com higiene e veterinário. O povo estava eufórico. Eles percebiam estar diante de um animal fabuloso, que proporcionaria emoções indescritíveis sem que fosse necessário o comprometimento de toda uma vida.
Terminei dizendo que todos os atributos já mencionados não eram tão importantes quanto o último. E, nesse instante, criou-se mais expectativa. Revelei o grande segredo: o morcego morto jamais sugaria o sangue de alguém. E, nesse instante, criou-se uma frustração. Percebi que falei demais. Naquele instante o morcego morto tornou-se bom demais para ser adquirido, pois ele já estava morto e não mais mataria.

22/06/08

"Ainda que digam não, existe uma voz que me encoraja a prosseguir
Ainda que digam sim, só o dono da voz poderá decretar o fim!"



Passada uma madrugada agoniante de formigas, poeiras e cãibras, surge a alvorada cinzenta prenunciando o que, na hora, não teria como ouvir. Os olhos vermelhos de uma noite mal dormida escondiam a energia de uma alma em vapor. Um banho bem quente pra não despertar mau humor e um copo gelado de achocolatado pra aliviar a secura da garaganta engasagada que queria gritar.
E a benção foi dada. Pelo pai e pela mãe, fora dada.
Caminhadas largas; ruas vazias; carros, não passavam... De repente o movediço. E levou-me .
Parti. Cheio de mim!
Como todas as vezes em que posto à prova, meu peito raso estufou com a auto-confiança, que em mim faz morada. Os tolos a nomeiam soberba. Os fortes reconhecem a ameaça. E eu cumpri meu destino sob o olhar dAquele que tudo vê.
Na batalha queria gritar. Implodi! Não de temor, mas para ressalvar a imponente bravura de um guerreiro que previra o final da luta antes dela chegar ao fim. E a batalha terminou. Vitória!
Logo veio a premiação. Vesti meu traje de gala e adentrei os portões da sala do triunfo.
O sonho é real! Eu cri e hoje posso ver. O novo está mesmo por vir. Estou me preparando para receber.


Em breve, muito em breve, estarei postando aqui minhas observações acerca do mundo e seus paradigmas. Conto então, com o seu retorno para apreciar minhas composições.



MUito obrigado.