Cotas para brasileiros

Vivemos num país cuja constituição vigente apresenta a igualdade, em todas as suas vertentes, como uma de suas características. Entretanto, o protecionismo exercido pelo Estado a determinados grupos que constituem nossa população vem ferindo sua própria norma fundamental.
Quanto tomei ciência do novo projeto de lei que pretende garantir metade das vagas das universidades federais aos alunos de escolas públicas do Brasil e à, segundo o governo, minorias étnicas, não pude me conter. Este ato preconceituoso, discrimina as pessoas, dividindo-as em categorias e colabora para a segregação racial e entre classes no nosso país.
O fato é que o regime de cotas não resolve o real problema educacional brasileiro. Ele não visa as mudanças necessárias no nosso precário sistema de ensino de base. Por outro lado, quando analisada com cautela, podemos perceber que esta medida assistencialista prejudica a todos: aos cotistas, pois desestimula o esforço destes alunos ao longo da vida escolar em virtude da facilidade do acesso às universidades; aos não-cotistas, já que o protecionismo aumenta -de modo desleal- as dificuldades no processo de entrada numa faculdade pública; ao Brasil, que começa a vivenciar o esfacelamento de seus melhores centros acadêmicos com o ingresso de estudantes que ainda não estariam aptos a faze-lo.
Em meio a esta discussão, gostaria de solicitar a quem de direito que, como medida emergencial, cogitasse a possibilidade da criação de novas cotas, sendo estas agora para brasileiros. Sim, para aqueles que não são descendentes desses ou daqueles grupos étnicos, que não estudaram nessas ou naquelas escolas, mas que simplesmente apresentam-se como brasileiros (e nada mais) e, por isso não estão inclusos nesse sistema. Dessa forma, acredito que ao menos a integridade nacional, atingida por essa política, estaria restabelecida e mesmo com tantos problemas que perduram, poderíamos continuar, num só espírito nacionalista, sonhando com um Brasil melhor.

4 comentários:

Jonathan disse...

Muito bem escrito o texto. Apóio incodicionalmente. Se hoje está assim, imagino como estará daqui há 10 ou 15 anos: o mercado de trabalho inflado de trabalhadores desqualificados, mesmo formados por universidades públicas, e jovens mesmo que capacitados a estudar em uma destas faculdades, recorrendo à outras privadas, pela carência de vagas...

Cadipo disse...

Acho que todos estamos de acordo com a fragilidade desse sistema. O certo seria melhorar o ensino de base, para que os alunos desprovidos de assistência possam chegar ao ensino superior sem injustas regalias.

Unknown disse...

Kra, Edson aqui. Onde você leu sobre a matéria??

Maria Julia disse...

Pois é, ... um sistema um tanto estranho, diria até preconceituoso!
Pior é que os alunos que passam por cota, em parte, não conseguem continuar o curso, tirando a vaga de outro aluno.
Há muito a se fazer ...

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