A noite em que fiquei sozinho sem ter com quem conversar.

Era noite (como o título já bem disse), uns estavam pelas ruas, outros já pelas camas dormindo e havia ainda aqueles que, certamente, estavam pelas camas das ruas bem acordados. Eu, em casa, sem ter com quem conversar, resolvi me conhecer.
Tomei um banho gostoso (daqueles que duram horas), passei meu perfume mais cheiroso, pus uma roupa nova e fui passear. A distância era pouca e sequer peguei engarrafamento. Tudo isso conspirou para o meu bom humor quando cheguei à sala. O ambiente, não sei ao certo o porquê, era bastante aconchegante e familiar. Decidi pedir uma cerveja bem gelada, visto que estava quente. Contudo, o atendimento no local era self-service e, por isso, eu mesmo tive que ir à cozinha pegá-la. Bebi uma, duas, três e parei por aí.
Lá pelas tantas comecei um diálogo, o qual tem na sua existência a real inspiração para esse texto. Primeiro, me cumprimentei sorridente, exaurindo simpatia por meio desse meu sorriso encantador que de cara me conquistou. Em seguida, perguntei meu nome, se eu ia sempre ali... enfim, aqueles clichês típicos de quem está a fim de alguém, mas não quer ser demasiadamente objetivo pra não causar espanto. Conversa vai, conversa vem... descobri que tinha muita afinidade comigo mesmo. Incrível! Gostava das mesmas coisas, tinhas os mesmos interesses e opiniões... Confesso: fiquei fascinado com o meu papo!
Já tinha falado demais e, portanto, havia chegado a grande hora da noite. Sem hesitar, num momento de silêncio, avancei o passo e tasquei-me um beijo. Ele durou pouco, serviu apenas pra dar início ao que estava por vir. Não tardou e me beijei novamente. Em movimentos sincronizados, eu me pegava e sentia calores sem precedentes. Um fogo me consumia... era incontrolável! Convidei-me para ir ao quarto, onde eu poderia ficar ainda mais à vontade, sendo que não queria perder aquele momento único de prazer e, em virtude disso, não conseguia nem mover meus pés em tom de deslocamento. Permaneci por ali. Tirei a blusa. Desabotoei a calça. Lancei meu tênis longe. Estava preparado para receber meu corpo e ter, então, a melhor noite da minha vida.
Entretanto, a iminência do clímax, meu pai apareceu e esbravejou. Com voz de condenação, repudiou a minha atitude com uma feracidade apavorante. Tive que me recompor rapidamente. Vesti minha roupa às pressas e saí dali morto de vergonha. Foi horrível! Fugi de mim e nem consegui dar o numero do meu telefone.
Agora, é outra noite e também estou só. Queria me encontrar novamente, mas tenho medo de ser descoberto e receio do que eu possa estar pensando sobre mim.

1 comentários:

Anônimo disse...

O seu pai é um estraga prazeres.

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